Projeto Pesca Sustentável inicia capacitação de jovens no Maranhão, no Amapá e no Pará
O ciclo de oficinas “Jovens Protagonistas na Sustentabilidade” utiliza arte, educação, comunicação e outras ferramentas para capacitar os jovens sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva dos recursos pesqueiros locais na Costa Amazônica.
A pesca artesanal é fonte de subsistência de quase um milhão de famílias brasileiras, no entanto ela é marcada por fortes distorções. A principal delas é que os recursos pesqueiros são vendidos pelos pescadores por preços irrisórios, que não correspondem ao valor vendido ao consumidor final. Nesse sentido, o projeto Pesca Sustentável na Costa Amazônica – desenvolvido no litoral dos estados do Pará, Amapá e Maranhão e fruto de uma colaboração entre a UNESCO no Brasil e o Fundo Vale – visa a melhorar a renda e a qualidade de vida dos pescadores e a garantir que a cadeia produtiva seja sustentável ecologicamente, economicamente e socialmente. Para isso, uma das diversas ações do projeto é a capacitação de pescadores e futuros pescadores da região.
No mês de agosto, o projeto inicia o ciclo de oficinas “Jovens Protagonistas na Sustentabilidade”, que será realizado graças a diversas parcerias locais. O Curso acontece nos três estados de abrangência do projeto e irá capacitar cerca de 240 jovens de 14 a 29 anos. Eles se tornarão multiplicadores do conhecimento em suas comunidades e a ideia é que, por meio de abordagens participativas e construções coletivas, os jovens desenvolvam conhecimentos, habilidades e atitudes sobre sustentabilidade, cadeia produtiva, liderança, história da comunidade pesqueira na região, formação política, capacidade de mobilização e protagonismo.
Outro ponto a ser tratado no ciclo de oficinas é a evasão das novas gerações da região. A partida dos jovens de suas comunidades para espaços urbanos é uma situação real na Costa Amazônica e que se torna um desafio tanto para a sustentabilidade das cadeias produtivas da pesca artesanal quanto para a cultura local. Serão mostradas, nas capacitações, tanto as possibilidades que a pesca estruturada poderá trazer para os potenciais futuros pescadores, quanto os desafios que eles podem encontrar na vida urbana.
“Queremos que esses jovens façam escolhas conscientes, mostrando que é possível um futuro diferente se eles souberem ser protagonistas de suas vidas e entenderem como podem se beneficiar de forma sustentável da cadeia produtiva dos recursos pesqueiros locais”, explica o coordenador de Ciência Naturais da UNESCO no Brasil, Ary Mergulhão.
A ideia é que as oficinas sejam uma formação continuada com vários módulos. Nesse primeiro momento, até o final de 2016, os jovens devem participar de três módulos-piloto. No Maranhão o primeiro módulo aconteceu neste fim de semana (06 e 07/08/2016), no Sindicato de Pescadores da cidade Icatu, e reuniu jovens de comunidades tanto da própria cidade, como de Carutapera e Cururupu. No Amapá, o primeiro módulo acontecerá de 18 a 20/08/2016, em Mazagão Velho, na residência da D. Zuleide Azevedo.
Em data ainda a ser definida, será realizada, no Pará, uma oficina de apresentação da metodologia e mobilização nos municípios de Curralinho e Bragança e, no final do ano, haverá um grande encontro visando o trabalho de conscientização política e de sustentabilidade reunindo, também, jovens de Soure e São João da Ponta, que já tiveram proximidade com a metodologia proposta em outra oportunidade.
"Para mim [a oficina] representou uma esperança muito grande para a nossa juventude, principalmente para os jovens das comunidades rurais, porque são jovens que se sentem isolados, sem conhecimento e com pouca interação. Este projeto está abrindo as portas para esses jovens, nos dando essa formação de como nos comprometermos com a nossa própria realidade”, disse Hélio Ferreira Souza, de 24 anos, da comunidade de Peru no município de Cururupu, que participou do curso durante o último final de semana.
O coordenador do ciclo de oficinas, Leonardo Rodrigues, explica que “ao receberem informações de variados temas que não estão normalmente presentes no seu cotidiano e nem em seu ambiente escolar, muito menos no que é colocado na mídia, esses jovens recebem possibilidades de adquirir diferentes visões de mundo, que eles vão construindo com uma amplitude bem maior do que lhes é apresentado no seu dia a dia”.
“Ao se colocar ao jovem esse conjunto de possibilidades e visões de mundo, podemos oferecer a ele uma capacidade de escolha com maior discernimento e reflexão sobre os caminhos que ele seguirá para o seu futuro, que podem indicar uma direção para o fortalecimento da sua pesca e da sua comunidade e um trabalho de caráter mais ambiental ou ainda indicar que ele seguirá uma outra linha de formação”, complementa.
No Maranhão, o segundo módulo do curso será realizado de 07 a 09/10/2016, na comunidade de Peru, no município de Cururupu. Enquanto no Amapá, o segundo módulo do curso acontece de 13 a 15/10/2016, também em Mazagão Velho. O terceiro módulo será realizado em novembro (em dias ainda a serem definidos), no Maranhão em Carutapera e no Amapá novamente em Mazagão Velho.
Sobre o Projeto Pesca Sustentável na Costa Amazônica
O projeto Pesca Sustentável na Costa Amazônica visa a melhorar a renda e a qualidade de vida dos pescadores do litoral dos estados do Pará, Maranhão e Amapá, e também a garantir que a cadeia produtiva dos recursos pesqueiros locais seja sustentável ecologicamente, economicamente e socialmente. Uma de suas ações refere-se ao mapeamento, realizado em parceria com a Conservação Estratégica (CSF), das cadeias produtivas do caranguejo e dos camarões regional, piticaia e branco. Outra ação do projeto se trata da capacitação técnica dos pescadores para que, de forma sustentável, eles negociem o valor do recurso pesqueiro.
Ainda para este ano, além do Curso “Jovens Protagonistas na Sustentabilidade”, estão previstos também o lançamento de dois diagnósticos, elaborados com base em pesquisas de campo na região: o Diagnóstico Sociocultural, Econômico e Ambiental e o Diagnóstico das Cadeias Produtivas.
Com duração prevista de sete a dez anos, o projeto é uma parceria da UNESCO no Brasil com o Fundo Vale e foi elaborado coletivamente, com o envolvimento direto de representantes do governo federal, dos governos do Pará, Amapá e Maranhão, de prefeituras, universidades, institutos de pesquisa, organizações não governamentais, lideranças comunitárias e pescadores.
- Conheça aqui todos os parceiros do projeto. (PDF)
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