Realidade virtual nas escolas

Hla Hla Win tem a missão de transformar a educação em sua terra natal, Myanmar, utilizando realidade virtual (RV), realidade aumentada (RA) e tecnologia de smartphone. Sua empresa, a 360ed, foi uma das vencedoras do Prêmio de Inovação Netexplo 2018, apresentado na sede da UNESCO em Paris no dia 13 de fevereiro, pela utilização da tecnologia para a democratização da educação.

Chen Xiaorong

Quando era uma jovem estudante, Win lutou para aprender dentro da estrutura rígida e antiquada do sistema educacional de Myanmar. Anos depois, ela encontrou uma maneira de transformar, literalmente, as experiências de aprendizado e ensino, com o uso da tecnologia de RV imersiva. Por meio de sua empresa startup 360ed, fundada em janeiro de 2017 em Myanmar, professores agora podem visualizar ideias complexas e visitar lugares onde nunca estiveram antes.

“Nós utilizamos uma câmera e uma tela 360⁰ para filmar professores experientes em outros países e ajudar estudantes e professores em meu país a ver o mundo além das fronteiras”, disse Win, cofundadora e presidente da 360ed. Ansiosa para introduzir os novos métodos de ensino que observou durante seus estudos superiores nos Estados Unidos, ela percebeu que os professores de Myanmar não imaginavam ser possível se identificar com o conceito de um ambiente focado na aprendizagem do estudante – “as salas de aula eram muito diferentes”, explica. 

Já que levar professores a outros lugares do mundo para aprender teorias pedagógicas modernas não era uma opção, Win decidiu que usaria óculos de RV para transportar estudantes e professores para onde quisessem – incluindo o espaço e o fundo do oceano. Os óculos de papelão de 4 euros combinado a um smartphone abriu um novo mundo para estudantes e professores, literalmente. Até agora, mais de 5 mil dos 500 mil alunos tiveram a chance de se familiarizar com a tecnologia.

Com as filmagens imersivas da 360ed, os professores agora podem visitar e andar pelas salas de aula na Finlândia ou no Japão, por exemplo. “Eu quero mostrá-los que salas de aula podem ser interativas”, disse Win, destacando que, antes disso, pouco havia mudado em Myanmar desde que ela era criança e os livros didáticos eram todos em preto e branco.  

Mas agora, a nova tecnologia permite que o ensino aconteça em tecnicolor. Os estudantes podem digitalizar uma página com um smartphone para criar modelos envolventes em 2D ou 3D. Isso os encoraja a ler mais, e visualizar informações permite melhor entendimento e retenção na memória, Win explica.

Mesmo enquanto os estudantes aprendem, a 360ed captura as melhores interações estudante-professor com câmeras de realidade virtual para construir uma biblioteca digital de conteúdo educacional para o desenvolvimento profissional dos professores. Esta solução em RV supera a falta da parte mais importante do treinamento docente – observação de salas de aula, instrução e monitoria de especialistas. E é também bastante econômica, diz Win.

Em fevereiro de 2018, a 360ed lançou seus aplicativos de ensino AR 3D, cobrindo as matérias Inglês, Biologia e Química. Os estudantes podem agora conhecer padrões moleculares e estruturas biológicas, por exemplo, por meio de imagens 3D coloridas. A 360ed planeja uma parceria com o Ministério da Educação de Myanmar para tornar a tecnologia amplamente disponível por todo o país. 

A tecnologia é particularmente útil para alunos em áreas remotas, onde normalmente há uma oferta menor de bons professores, explica Win. A empresa também realiza oficinas que dão aos aprendizes experiências práticas com tecnologias modernas tais como impressoras 3D e cortadores a laser.

Win – cuja jornada é fascinante: uma década desde o abandono escolar precoce em Myanmar até a graduação na Harvard Kennedy School nos Estados Unidos, se tornando uma empreendedora social – disse que o modelo de negócios da 360ed poderia ser aplicado a outras comunidades e países em desenvolvimento ao redor do mundo.

“Este é um pequeno passo de uma longa jornada”, disse.

Miaas sobre 360ed (em inglês)

Vídeo (em inglês)