Em 7 de setembro de 2021, a Assembleia Geral realizou um Fórum de Alto Nível sobre a Cultura de Paz sob o tema “Papel transformador da cultura de paz: promover resiliência e inclusão na recuperação pós-COVID. Desde 1997, a Cultura de Paz continua sendo um dos tópicos essenciais para a Assembleia Geral e se tornou mais relevante do que nunca com a ampliação de sua abrangência ao longo dos anos. Ocorrendo em um momento no qual a humanidade enfrenta enormes desafios intensificados pela pandemia da COVID-19 em curso, o Fórum se esforçou para abordar o aumento das desigualdades e da violência, destacando a necessidade de se implementar os valores da Cultura de Paz com atenção especial para a geração dos mais jovens. O Fórum Anual de Alto Nível sobre a Cultura de Paz também ofereceu aos Estados-membros e aos observadores da Assembleia Geral a oportunidade de renovar seus compromissos de implementar de maneira efetiva a Declaração e o Plano de Ação das Nações Unidas por uma Cultura de Paz, para construir resiliência e promover uma recuperação justa contra a devastação contínua provocada pela COVID-19.
Em seu pronunciamento de abertura, o Exmo. Sr. Volkan Bozkir, presidente da 75ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, apontou como a humanidade foi unida pela pandemia. Ele expressou a necessidade de “construir sobre esse sentimento compartilhado de tristeza e ansiedade, e trabalhar juntos para enfrentar não apenas a COVID-19, mas também todos os outros desafios que estão em nosso caminho”. Quando foi mencionada a crise no Afeganistão, o Sr. Bozkir disse que a comunidade internacional deverá recorrer a seu “senso comum de humanidade, empatia e compaixão para ir além e fornecer o apoio humanitário necessário”.
“A paz é muito, muito mais do que a ausência de conflitos. A paz é um esforço consciente realizado por cada um de nós, a cada momento, de falar, ouvir e se envolver. É um esforço sustentado para compreender e superar as diferenças”, adicionou ele.
A cerimônia de abertura também foi marcada pelas declarações da Sra. Maria Luiza Ribeiro Viotti, chefe de gabinete do secretário-geral das Nações Unidas, ue destacou o papel fundamental da Cultura de Paz para “construir um futuro melhor, mais justo e mais sustentável para todos – um futuro do qual os direitos humanos serão garantidos para todas as pessoas”. Ela chamou atenção não apenas para as consequências devastadoras da mudança climática e para os efeitos ameaçadores da pandemia sobre a saúde e a economia, mas também para o aumento dos conflitos e da violência de gênero. Ela também enfatizou a necessidade do acesso universal à educação e a habilidades de qualidade, para que “cada criança possa olhar para o futuro com esperança, não com medo”.
O Sr. Eliot Minchenberg, diretor a.i. do Escritório da UNESCO de Nova York, destacou que a própria noção de Cultura de Paz nasceu na UNESCO, em 1992, e reafirmou que a Organização, junto com seus parceiros, está pronta para construir a paz e superar os desafios atuais. Além de abordar o aumento dos crimes de ódio desencadeados pela intolerância e pela desinformação, assim como o efeito da pandemia da COVID-19 na economia, ele mencionou o impacto da mudança climática como causa e efeito de conflitos. O Sr. Minchenberg também destacou que a educação foi gravemente afetada, especialmente entre meninas e mulheres jovens, e enfatizou que “os arranjos econômicos e políticos não são suficientes para construir a paz e a prosperidade e, portanto, ela deve ser construída por meio da solidariedade da humanidade, alimentada por comportamentos e incentivada por uma educação fundada em culturas”.
“A cultura da paz não se limita mais à paz entre as pessoas e as nações, mas inclui também viver em paz com a natureza, fazer as pazes com o planeta e com todos os seres vivos. Nós devemos trabalhar juntos, unidos, para criar sociedades mais justas, mais inclusivas e mais sustentáveis. Devemos aproveitar o poder da diversidade como uma fonte de criatividade e inovação, e capacitar indivíduos e comunidades com as habilidades de que precisam para compreender e cooperar uns com os outros”, concluiu ele.
Também participou da sessão de abertura o Exmo. Dr. Abul Kalam Abdul Momen, ministro das Relações Exteriores de Bangladesh, que, entre outras ideias, sugeriu que os princípios da Cultura de Paz “sejam incluídos em todos os esforços de recuperação da pandemia”; e que seu conceito seja mantido no centro dos esforços para garantir a implementação oportuna da Agenda 2030. O Exmo. Sr. Miguel Ángel Moratinos, alto representante da Aliança das Civilizações das Nações Unidas, enfatizou a importância de se considerar a paz como um processo contínuo, e não uma ação única e de efeitos imediatos, e destacou que o Objetivo 16 de “promover sociedades pacíficas e inclusivas” é “mais imperativo agora do que nunca”.
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