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Os museus enfrentam os desafios da COVID-19 e permanecem engajados com suas comunidades

04/04/2020
03 - Good Health & Well Being
11 - Sustainable Cities and Communities

Em todo o mundo, os museus e as comunidades às quais prestam serviços estão sentindo o impacto da COVID-19, uma vez que as populações devem permanecer em casa e as aglomerações estão proibidas.

Desde o surgimento do coronavírus, as instituições museológicas, grandes e pequenas, públicas e privadas, precisaram fechar suas portas, a maioria delas por um futuro previsível. Estima-se que 90% de cerca de 60 mil museus do mundo estão enfrentando o fechamento total, parcial ou eventual. 
Independentemente do tamanho, da localização ou do status, os museus estão enfrentando desafios difíceis, incluindo a proteção de suas coleções, a garantia de que seus funcionários estejam seguros e saudáveis, a abordagem de questões financeiras e a manutenção do envolvimento com o público. Eles estão contribuindo para a nossa sociedade, propondo ideias inovadoras e inspirando a todos neste momento difícil e incerto.

Encontrar formas criativas de servir ao público

A cultura nunca para, e é fundamental que os museus também continuem, especialmente diante da COVID-19. “Os museus são mais do que apenas lugares onde o patrimônio da humanidade é preservado e promovido”, observou Ernesto Ottone R., diretor-geral adjunto de Cultura da UNESCO. “Eles também são espaços essenciais para educação, inspiração e diálogo. Numa época em que bilhões de pessoas em todo o mundo se separam umas das outras, os museus podem nos unir”. Não é de surpreender vermos museus e as comunidades a que prestam serviços se tornarem mais resilientes, engenhosos e inovadores. Desde visitas virtuais a conteúdos publicados no Facebook e no Instagram, de podcasts a plataformas online de acesso aberto, os museus e as instituições culturais estão usando sua criatividade para lidar com essa situação sem precedentes. Alguns profissionais de museus compartilharam com a UNESCO como estão enfrentando este momento difícil.. 

“A COVID-19 é uma pandemia que está afetando a todos. Para contribuir com a redução dessa propagação, o Museu Livingstone está fechado, mas ativo no Facebook e pelo site. Seja sábio, fique em casa!”, disse Terry Nyambe, curador-assistente de Ictiologia do Museu Livingstone, na Zâmbia. 

Para continuar com o apoio que oferecem nas redes sociais, muitos museus libaneses produziram e disponibilizaram visitas virtuais e aplicativos para dispositivos móveis. “Nós passaremos por isso e manteremos a reprogramação de atividades em nossos museus para depois da COVID-19, porque, ao salvar a cultura, estamos salvando a sociedade, sua diversidade, sua vitalidade e sua criatividade”, disse Anne Marie Afeiche, diretora-geral executiva do Conselho de Museus do Líbano.. 

Hamady Bocoum, gerente-geral do Museu das Civilizações Negras de Dacar, no Senegal, está rapidamente tomando medidas. “Desde que o Museu foi fechado devido à COVID-19, nós estamos pedindo a nossos especialistas para que filmem visitas guiadas a todas as exposições. Essas visitas serão transmitidas em segmentos na televisão senegalesa e também serão disponibilizadas online”, afirmou ele. 

Beryl Ondiek, diretor dos Museus Nacionais nas Ilhas Seychelles, afirmou que “na névoa do caos, os museus quebram as paredes que nos separam. Os museus podem usar todas as coleções e as informações que temos e transmitir nosso patrimônio cultural e natural às comunidades pela internet, para elevar o ânimo e manter todos conectados”.

Numa época em que bilhões de pessoas em todo o mundo se separam umas das outras, os museus podem nos unir.

Ernesto Ottone, diretor-geral adjunto de Cultura da UNESCO

Conceber estratégias daqui para frente

Embora os fechamentos sejam geralmente decididos pelas autoridades nacionais, a maioria dos museus deve elaborar suas próprias estratégias de enfrentamento durante a pandemia de COVID-19, e estas variam de forma ampla. Os desafios são múltiplos; o suporte à equipe, a segurança e a preservação das coleções devem continuar. Além de não gerar receita, os museus também se tornam vulneráveis quando fechados. Em 29 de março de 2020, por exemplo, a pintura “Jardim da primavera”, de Vincent van Gogh, foi roubada do Museu Singer Laren, nos Países Baixos, atualmente fechado ao público devido à COVID-19. 

Os museus estão buscando uma variedade de fontes, incluindo o governo local e o nacional, o público em geral e outros que podem ajudar. Em alguns casos, grandes fundações e entidades filantrópicas estão lançando novos fundos para apoiar organizações culturais. Outras iniciativas incluem afrouxar as restrições a pedidos de concessão, estender ou renunciar a prazos e honrar compromissos de eventos que não ocorrerão.[1] 

O Museu Mary Rose, em Portsmouth, na Inglaterra, depende do Fundo Mary Rose para conservar e exibir o navio de guerra favorito do rei Henrique VIII e sua coleção exclusiva de artefatos. Helen Bonser-Wilton, diretora executiva do Fundo, relatou que, após o fechamento da instituição em meio à COVID-19, o Museu Mary Rose corre “o risco de fechar definitivamente” porque 90% do financiamento vem dos visitantes, com a maior parte da renda gerada entre os meses de abril e setembro. Ela descreveu como “a ajuda financeira urgente do governo é necessária para garantir que os complexos processos de conservação para a preservação dos destroços e seus artefatos possam continuar”.[2] 

Suzy Hakimian, a presidente do Conselho Internacional de Museus (ICOM) no Líbano, observou que muitos museus com meios mais limitados estão tentando lidar com um aumento dos desafios financeiros que já enfrentavam nos tempos normais. “Ao final desta catástrofe, será necessário salvar vários museus para preservar suas coleções e, acima de tudo, evitar demitir seus funcionários”, disse ela. “Isso constituirá a ser uma parte fundamental dos futuros planos de emergência dos museus”, acrescentou.

 

[1] Inside Philanthropy https://www.insidephilanthropy.com/home/2020/3/22/how-can-funders-most-effectively-support-an-arts-sector-decimated-by-covid-19

[2] WebWire https://www.webwire.com/ViewPressRel.asp?aId=257471

 

© Livingstone Museum, Zambia

Compartilhar boas práticas

A UNESCO e o Conselho Internacional de Museus (ICOM) estão cooperando para medir o impacto da COVID-19 no setor de museus. Atualmente, a UNESCO identifica museus em todo o mundo que oferecem conteúdo online e estratégias inovadoras em resposta à crise do coronavírus. Está sendo elaborada uma lista com links para as instituições museológicas, e as informações serão disponibilizadas online. Tem-se realizado um esforço especial para enfocar a Região Árabe e a África, cujos dados ainda são esparsos. Esse mapeamento permitirá que o público em geral acesse essas coleções, além de permitir que os museus realizem o intercâmbio de boas práticas para apoiar o desenvolvimento de estratégias museológicas de longo prazo.

Veja também

Recomendação referente à Proteção e Promoção dos Museus e Coleções (2015)