<
 
 
 
 
×
>
You are viewing an archived web page, collected at the request of United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) using Archive-It. This page was captured on 21:51:01 Mar 17, 2022, and is part of the UNESCO collection. The information on this web page may be out of date. See All versions of this archived page.
Loading media information hide

Construir a paz nas mentes dos homens e das mulheres

Grande Angular

Introdução

cou-04-2021-wide-angle-intro-web.jpg

Detalhes de rostos e mãos são os únicos fragmentos de identidade visíveis na série Voix du Monde / Délocalisation (Vozes do Mundo / Relocação), 2006, políptico da artista franco-venezuelana Anabell Guerrero.

Agnès Bardon
UNESCO

O aumento do número de migrantes internacionais desacelerou em 2020, pela primeira vez em muitos anos. Essa ligeira desaceleração pode ser explicada principalmente pelas restrições à circulação relacionadas à pandemia da COVID-19 – o fluxo de migrantes vinha crescendo continuamente por décadas. No ano de 2020, 281 milhões de pessoas viviam em um país onde não haviam nascido. Esse número aumentou de 173 milhões, em 2000, e 84 milhões, em 1970.

Na época, tal como agora, as pessoas deixam seus países de origem para escapar da pobreza e construir o que esperam ser uma vida melhor. Geralmente, deixam suas famílias para encontrar um novo futuro. Os principais corredores de migração que se formaram ao longo do tempo ainda ligam os países em desenvolvimento aos industrializados – Estados Unidos, Europa, Rússia e Arábia Saudita.

Cada vez mais, as pessoas estão deixando seus países também para escapar de conflitos e da violência. Em 2020, refugiados e requerentes de asilo representavam 12% do número total de migrantes, em comparação com 9,5% duas décadas antes. Nos 20 anos entre 2000 e 2020, o número de pessoas forçadas ao exílio em razão de guerra, crise ou perseguição duplicou, de 17 milhões para 34 milhões, segundo o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (DESA). Os efeitos da mudança climática – incluindo a escassez de água, o empobrecimento da terra e a erosão costeira – também têm aumentado o número de pessoas em fuga de seus lares. 

Em resposta a essa situação, em 2018, a ONU aprovou o Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular. Seu objetivo consiste em melhorar a situação dos migrantes no âmbito internacional e estimular a cooperação no campo da migração. O acordo também enfatiza que os Estados devem prestar assistência aos migrantes que percorrem rotas perigosas.

A situação de muitos migrantes – especialmente os ilegais, que estão à mercê de traficantes de pessoas – inclui exploração, extorsão e violência. Alguns pagam a viagem com a própria vida. Somente no primeiro trimestre de 2021, 1.146 pessoas morreram enquanto tentavam cruzar o Mediterrâneo.

Para aqueles que conseguem, a realidade no país de acolhimento é, geralmente, muito distante da vida com que sonhavam – muitos migrantes enfrentam preconceito e até discriminação. Em um contexto econômico cada vez pior e marcado pela incerteza, a chegada de novas populações é, por vezes, encarada como uma ameaça, alimentando medos e frustrações.

Muitas vezes, ignora-se o fato de que a realidade é mais complexa e matizada do que parece. Embora o número de migrantes possa parecer alto, eles representam apenas 3,5% da população mundial – o que está longe do aumento que alguns gostariam de descrever. Além disso, a grande maioria dos migrantes se desloca dentro de seu próprio continente. Em 2020, quase metade de todos os migrantes internacionais residia em sua região de origem.

Também se omite o fato de que os movimentos populacionais sempre fizeram parte da história humana. A mais antiga presença humana ou pré-humana conhecida fora da África data de mais de 2 milhões de anos.

Acima de tudo, é muitas vezes ignorado o fato de sempre haver destinos humanos e histórias de vida – algumas vezes dramáticas, muitas vezes felizes – por trás das estatísticas puras. E que, dessa mistura de culturas, surgiram histórias de sucesso no mundo dos negócios, do esporte, da música e da pesquisa científica. 

No longo prazo, a contribuição dos migrantes costuma ser uma vantagem para as sociedades de acolhimento. Quem afirma isso não é uma organização não governamental. Em um relatório de 2017 denominado Migration as an opportunity for European development (Migração como oportunidade para o desenvolvimento europeu), o Conselho da Europa declarou que “os migrantes trazem diversidade aos países europeus, contribuindo para o intercâmbio cultural e tendo um impacto importante nas áreas de artes, esportes, moda, mídia e culinária”.


© UNESCO

Leia mais:

Reporting on Migrants and Refugees: Handbook for Journalism Educators, UNESCO, 2021
Filosofia versus tribalismo, O Correio da UNESCO, out./dez. 2017

 

Assine O Correio da UNESCO para artigos instigantes sobre assuntos contemporâneos. A versão digital é totalmente gratuita.

Siga O Correio da UNESCO: Twitter, Facebook, Instagram